sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Mira

Um sorriso me furtou
no instante que mirou
tantas incertezas
com a certeza de que
sua alma à minha pertencia
e, desde então, não mais temia
as reviravoltas da vida
pois já sabia
que meu eu te pertencia.
Assim retardo os dias,
com a inebriação de uma alegria
que não mais conhecia
mas insistia em ansiar
ignorando as convicções de que,
nesse imenso mundo
ninguém de fato me pertenceria
e que o amor de ninguém me traria
o que me trouxestes em um único dia
algo que nunca soube qualificar...
seria esta a verdadeira emoção de amar?

Para P.

28/02/2014, às 17:08.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Anonimamente

vai minha tristeza, silenciosa, como um veneno pulsando na corrente sanguínea, consumindo, inebriando e ressuscitando tantos pensamentos perdidos. Estes que estão longe porém ao mesmo tempo tão perto. Pensamentos estes que anseio estar e que já estive, por pouco tempo, o qual julguei muito. Todo início tem um fim. E a linha final é inevitável: apenas um ganha. Não chorei sua ausência, nem tive arrependimentos por ela. Mas porque meu coração ainda se reprime por tantas memórias?Espalhadas em lugares, fotos, cadernos, bilhetes, roupas, papéis de presente, livros, incensos, músicas... apesar de não ter você, continuo te possuindo de tantas outras formas insuficientes para curar o vazio que restou de tanto... amor?
Gostaria de encontrar seu antídoto, este que preencheria tanta tristeza com a certeza que o meu querer você transcende sua capacidade emocional de compreender a minha. E assim sigo, com risadas sem graças,  pensamentos perdidos e olhares vazios.

Mas amanhã tudo passa, lembro que na verdade nem fostes boa assim e que sem você, meus dias são mais produtivos e livres de tanto rancor, o qual você alimentava com satisfação.

Pela manhã tamanha tristeza adormece, pois à noite sempre é a hora do seu plantão.

Parabéns, você venceu.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Satisfeita

Mesmo perante tanta embriaguez,
Cá estava meu coração
Com uma estúpida sobriedade
Em acreditar naquelas verdades
Que um dia demonstrastes
Com olhares inexpressivos e doces palavras
Os quais acreditei ser muito para atingir
Tamanha vaidade
Quando não mais sorriu para mim.

Mas não me caleja
Ergo a cabeça
E teimo em acreditar
Em todas as verdades
Que me deixam
Com tão pouco
Satisfeita.

02/12/13, às 17:15.



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Onde jaz, meu coração?

Ousei abrir,
Aquela velha pasta fichário,
Para relembrar ou até descobrir
E entre tantas memórias,
Bilhetes, guardanapos apaixonados.
Fotos 3x4 e porta-copos datados,
Encontrei tantas cartas de amor,
Ridículas, como assim julga Bethânia,
Inclusive as suas, as quais estava destinada a abdicar,
Queimar, ou simplesmente esquecer.
Mas de tantos sentimentos que esperava ter,
Apenas consegui sorrir,
Ao perceber o bem que me tiveste feito,
Mesmo ao tirá-lo de mim.
Li-os, guardei-os
E percebi que a arte de perder, como geniosamente define Bishop
Não é uma arte difícil de dominar,
Por mais desastrosa que aparente.
Meu coração jaz tranquilo,
Em paz,
No bem que me fez ao te perder,
E perceber que o sol e a lua continuaram lindos todos os dias
Mesmo sem você.


20/11/2013, às 17:02.

Porque não?

E o mistério me congelou,
não sei se foram seus olhos,
ou sua boca
que me chamava e inebriava com seu misterioso sorriso.
Para mim?
Porque não?

E, assim, num breve momento, me vi com um único impulso. 
Nos senti em um único impulso.
Remeteu-me então à uma dúvida:
"porque eu?"
Porque não?

Em vinte e quatro voltas no ponteiro,
aqui estava,
sentada, sorrindo, sozinha,
encantada,
pensando, com minha loucura,
como o mundo pode dar 360º,
em um único momento...
seria este
um único momento
ou um momento único?
Porque não?

Agora vivo nesse mistério,
não mais dos seus olhos, ou sorriso,
ou sequer do calor de seu corpo,
mas de suas mãos,
as quais escondes toda vez que pergunto
porque não?

Para L.


12/11/13 - 21:36.

sábado, 30 de junho de 2012

Sim, pode entrar...

As personalidades criadas para esconder as peças principais nesse meu jogo labirinto, em que o que é bom, o que é corruptível e alienável foram sendo descobertos pelo xeque-mate de sua presença em minha vida, por suas palavras doces, por vezes autoritárias, ditas e pensadas quando minha intenção era ganhar, onde agora me encontro submissa a tudo isso, envolvendo seu toque, seu pensamento, sua respiração em minha pele e peito, ambos trêmulos, quando todos os sentidos e racionalidades aguçados foram postos em teste, fazendo meus pressupostos serem colocados em dúvida e toda a fé naquilo que eu ousava achar correto foram substituídos, pelo que, em pouco tempo passa a representar muito para mim. Você. E hoje, a causa do meu bom humor a cada minuto, basicamente se resume em ver teu rosto envergonhado, em sentir tua pele deslizando sobre a minha quando nada mais importa e, então,  lembrar de seu sorriso bobo causado por palavras consideradas sem valor e, somente agora, sei o quanto valem estar impregnadas em minha alma. Sim, pode entrar, sem licença, sem permissões prévias, nesse meu mundo inexorável em que você teve o prazer de desconstruir e construir em mim, algo que sempre fui, mas nunca explicitei a ninguém. Só a você. Você que soprou vida no que estava em torpor, e ficaria assim, por um bom tempo... tempo esse que você usurpou e reciclou em algo admirável: eu e você. Para K.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Tempo

E é nesse fundo em que me encontro, sem respostas, sem perguntas, com uma saudade sem definição, uma saudade que tento aplicar em coisas, em pessoas, que na verdade não as pertence. Essa saudade que faz meu vazio ficar sempre meio cheio. Na verdade, acredito que não seja a saudade em si, mas que seja a falta de algo, algo que sempre idealizei e nunca tive. E esse anseio de ter, e a frustração de nunca ter é o que me consome. Querer aplicar tais coisas em pessoas que você visa um futuro nunca é a resposta, afinal, você não pode querer aplicar algo já existente em você em alguém que já abriu mão dessas coisas, ou simplesmente não anseiam em ter.
Encontro-me aqui, cansada, cansada de tantas coisas repetidas, de tantas sensações que estou tão cansada em ter mas insisto em continuar tendo. Coisas insignificantes. Talvez eu goste da sensação de estar assim, talvez eu goste da sensação de dar a volta por cima, ou simplesmente eu tenho tendências a me encontrar assim. A verdade é que eu não estou triste, não estou depressiva, estou realmente bem, apenas fico cavando motivos pra me encontrar em mais um drama desnecessário. Não há simplicidade naquilo que sempre será complexo. E é por isso que estou aprendendo deixar a luz entrar pelas frestas que um dia ousei fechar. Fechei por uma ideologia falsa, um bloqueio criado para evitar algo que até hoje não sei. E hoje, não faço mais questão de saber. A curiosidade de saber onde poderia ter chegado me deixa mais confusa ainda.
Pedi ao tempo mais um tempo pra mim, cansei de desperdiçá-lo. Todos precisam de um tempo, não vejo o porque não tirar um pedaço dele pra mim. E sei que amanhã, o dia será bonito como todos os outros, e essa dúvida ainda me consumirá, e continuarei a pensar sobre tantas coisas que não estão sobre meu controle e eu sempre achei que pudesse controlar, ou quis. Mas dessa vez, espero que a luz possa entrar e que eu veja tudo aquilo que ficou oculto durante tanto tempo. E assim me desfaço, me deixo vulnerável, destruo todas as muralhas que insisti em aplicar em volta do meu emocional. Dou a vida a disponibilidade que tive por tanto tempo e quis deixá-la isolada.